“A proposta é dar suporte para o crescimento do turfe no País”

Jockey I 01.08.08

Por: sync

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É grande a expectativa dos turfistas brasileiros em torno da realização da festa máxima do turfe brasileiro, o 76º Grande Prêmio Brasil, que será corrido neste domingo(3) no Hipódromo da Gávea.

Em entrevista exclusiva ao BNL, o diretor da Codere Brasil, André Gelfi, abordou vários temas ligados ao turfe nacional, simulcasting internacional, legalização dos jogos de azar, entre outros assuntos.

Pelo terceiro ano consecutivo, a prova terá o patrocínio da Codere, a multinacional espanhola do segmento do entretenimento e do turfe que opera no Brasil a rede Turff Bet & Sports Bar, no Rio de Janeiro e em Porto Alegre. Neste ano, a Codere incrementou em R$ 100 mil a bolsa do GP, sendo R$ 50 mil ao primeiro lugar e o restante distribuído entre o segundo, terceiro, quarto e quinto colocados. Os ganhadores ainda receberão 50% do valor do added – valor pago pelos proprietários dos cavalos para inscrição no GP.

“Desde nossa chegada ao Brasil, em 2005, a proposta é dar suporte para o crescimento do turfe no País”, assegura o diretor da Codere Brasil, André Gelfi.

Confira a entrevista:


BNL – O GP Brasil é, sem dúvida, a principal prova do turfe brasileiro. O que mudou no GP Brasil depois da parceria e do patrocínio da Codere?

André Gelfi –
O JCB passou a ter um patrocinador oficial, fato que não ocorria há alguns anos. Desde que assinamos contrato com o JCB, patrocinamos este que é o principal evento turfístico nacional. Neste primeiro GP sob a gestão do presidente Luís Eduardo da Costa Carvalho – que assumiu recentemente, em 28 de maio –, estamos muito satisfeitos com a oportunidade de patrocinar não só o evento, mas a bolsa de prêmios que, em 2008, será a maior dos últimos 12 anos.
Na elaboração das ações relacionadas ao GP, a Codere deu suporte ao JCB para organizar as tribunas populares, oferecendo estrutura aos visitantes, e recursos financeiros a fim de custear parte dos investimentos exigidos num evento deste porte.

BNL – A Codere acredita na regulamentação do jogo no Brasil? A empresa pensa em investir mais no País caso haja uma regulamentação?

Gelfi –
Sem dúvida. A Codere investe e busca desenvolver suas atividades onde existem regras claras e um marco regulatório viável. No Brasil, somos parceiros dos Jockeys Clubes, entidades cujas atividades são devidamente regulamentadas, além disso, dispomos de "know-how" do negócio – a Codere está intimamente relacionada à atividade turfística em três mercados latino-americanos: Uruguai, Panamá e México.

BNL – Quando a Codere estabeleceu parceria com os Jóqueis do Rio, Paraná e Rio Grande do Sul, o turfe estava em crise. Atualmente, já podemos afirmar que o turfe saiu da UTI?

Gelfi –
Infelizmente, não. Com o início das parcerias, houve progresso, investimento em distribuição, produto (Simulcasting Internacional), marketing e promoção. Como conseqüência, a venda de apostas cresceu e os prêmios hípicos aumentaram. A questão é que partimos de uma situação muito ruim, que segue sendo desfavorável, “a conta ainda não fecha”, pois o custo do espetáculo supera a arrecadação com as apostas. O que fizemos ajuda, porém não resolve o problema que é estrutural.
O setor necessita de organização, investimentos e principalmente do apoio do governo, para modernizar o marco regulatório. Só este conjunto permitirá que a indústria se recupere, assim como está ocorrendo com nossos vizinhos argentinos e uruguaios.

BNL – Como está o movimento de apostas nas lojas Turff Bet & Sports?

Gelfi –
Vem melhorando à medida que o público turfista se familiariza com as corridas internacionais. Hoje, temos quatro lojas abertas, duas em Porto Alegre, uma no Rio de Janeiro e outra em Niterói, todas inauguradas em redutos tradicionalmente turfistas.

BNL – O que significa o simulcasting internacional para o turfe brasileiro?

Gelfi –
O Simulcasting Internacional é uma das iniciativas que contribuem para o desenvolvimento do setor, aportando recursos aos Jockeys e aos prêmios hípicos, uma espécie de “injeção de ânimo” que ajuda, mas não resolve o problema crônico enfrentado pelo turfe nacional. Acredito que iniciativas similares precisam ser multiplicadas, para que a atividade possa ser viável, gerando empregos, impostos e demais benefícios para a comunidade, dentro e fora do agronegócio.

BNL – Caso o Ministério da Agricultura cancele o simulcasting internacional, o turfe brasileiro corre riscos de voltar ao cenário de crise aguda?

Gelfi –
Sem dúvida que de imediato a situação de crise pioraria, uma vez que empregos, impostos, receitas dos clubes e prêmios hípicos diminuiriam. Contudo, o que mais preocupa, no caso de uma decisão desfavorável, é a sinalização negativa do governo a toda a indústria hípica, sob a alegação de que o Simulcasting Internacional, que só se difere do Simulcasting Nacional pela origem das corridas, não é permitido por ser considerado “jogo de azar”.

BNL – Quais outras considerações poderiam ser feitas sobre esse setor, pela sua reconhecida importância?


Gelfi –
Pouca gente sabe que o Brasil, junto com a Argentina, é um dos principais exportadores de cavalo de corrida (PSI) do mundo. O setor emprega milhares de pessoas, no campo e nas cidades. Para que se tenha uma idéia no Rio Grande do Sul a cidade de Bagé é considerada a Kentucky brasileira, devido às semelhanças que possui com relação ao estado americano, famoso pela criação do cavalo de corrida PSI. As considerações são inúmeras e felizmente durante este mês O Jockey Clube Brasileiro receberá do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação Getúlio Vargas o senso socioeconômico do setor. Uma espécie de “radiografia do paciente” que sem dúvida será de grande utilidade e trará constatações atualizadas do setor.

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