Antagonista Docs ‘A Era dos Excessos’ aborda a patologia em jogos de azar, renomeada para Transtorno do Jogo (TJ)

BNL I 25.10.23

Por: Magno José

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O Antagonista Docs é uma série documental que discute e aprofunda assuntos relacionados à política e seus impactos no dia a dia das pessoas. O último episódio da série aborda o comportamento compulsivo nos jogos de azar; assista o vídeo

O Antagonista Docs apresenta uma edição especial que aborda os vícios na sociedade, quais os esforços e políticas direcionadas a eles no Brasil e os impactos das resoluções coletivas frente às liberdades individuais.

“Os vícios parecem ter se intensificado após a pandemia. O Antagonista Docs apresenta uma edição especial que aborda os vícios na sociedade, quais os esforços e políticas direcionadas a eles no Brasil e os impactos das resoluções coletivas frente às liberdades individuais”, registra o diretor da série de documentário José Brito.

São cinco episódios que tratam de dependência química – #01 Medicamentos, vontade incontrolável de beber – #02 Alcool, fumar – #03 Tabaco, #04 Cannabis e #05 Jogos de Azar.

Transtorno do Jogo

Desde a inclusão na terceira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5 ou DSM-5, o Transtorno do Jogo foi classificado entre os “Transtornos do Controle dos Impulsos Não Classificados em Outro Local”, devido ao seu caráter impulsivo, porém na quinta e última edição deste manual, a síndrome foi renomeada para Transtorno do Jogo (TJ) e reclassificado como dependência, em virtude do compartilhamento de várias características com as dependências de substância, incluindo fatores genéticos, epidemiológicos, comorbidades psiquiátricas, psicopatologia e resposta terapêutica.

Os transtornos do controle dos impulsos (TCI) são uma variedade de comportamentos relacionados ao desejo excessivo e ações impulsivas em jogos, videogames, drogas, tabaco, álcool, sexo, compras, entre outras.

Comento: estrutura para lidar com o jogo patológico

O capítulo da ‘A Era dos Excessos’ do Antagonista Docs, que aborda o comportamento compulsivo em jogos de azar é muito honesto, isento e esclarecedor para a sociedade.

O país tem que criar uma estrutura para lidar com o Transtorno do Jogo, pois como esta atividade é ilegal no Brasil, não existem políticas públicas para proteger os jogadores deste comportamento. Mas se considerarmos que 1% da população tem algum tipo de problema com jogo, o Brasil já tem hoje milhões de brasileiros em situação de risco e sem proteção do Estado.

Cabe destacar que já existem políticas bastante eficazes e com resultados comprovados de prevenção e combate ao Transtorno do Jogo. Além das campanhas de esclarecimentos sobre o jogo responsável, o conceito mundial de ludopatia vem mudando com introdução do sistema de ‘autoexclusão’.

O mandato de autoexclusão é um mecanismo que pode ser requerido pelo apostador ou por um familiar através de um formulário no site da agência reguladora, além disso o indivíduo se compromete a iniciar um tratamento especializado. Trata-se de um contrato irrevogável, que quando o apostador ou o familiar assina não é possível acessar qualquer sala de jogo por um mandato de dois anos. Após este período, o apostador será avaliado para retornar ou não às casas de apostas. Este mecanismo é amplamente utilizado nos Estados Unidos, Europa, China e em vários países da América do Sul.

As últimas estatísticas disponíveis sobre o tema, que podem ser encontradas em estudos no Reino Unido, indicam que entre 0,5% e 0,6% da população adulta tem transtornos do impulso em jogos, enquanto 1,4% dos jogadores britânicos estão em situação de risco moderado.

No Brasil não existem dados seguros sobre a situação devido à clandestinidade, porém, o comportamento de transtorno do controle dos impulsos (TCI) não é privilégio dos jogos. Outras atividades também têm capacidade de gerar comportamentos relacionados ao desejo excessivo e ações impulsivas como a cafeína, 15%; álcool, 9%; trabalho, 8%; sexo, 5%; academia de ginástica, 6%; comida, 6%; jogo de azar, de 1,5% a 2%.

 

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