Ausentes na Sapucaí, bicheiros estiveram presentes nos caça-níqueis da comissão de frente da Mocidade

Jogo do Bicho I 14.02.24

Por: Magno José

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Ausentes na Sapucaí, bicheiros estiveram presentes nos caça-níqueis da comissão de frente da Mocidade
A Mocidade Independente de Padre Miguel, por exemplo, trouxe uma comissão de frente formada por enormes caixas que representavam máquinas de caça-níqueis, no desfile desta segunda-feira

Se nas duas noites seguidas de desfile do grupo especial a ausência dos bicheiros foi notada na Marquês de Sapucaí, a presença deles nas escolas, no entanto, aparecia nos detalhes. Nas alegorias, no enredo e até nas citações do locutor, antes de a agremiação entrar na avenida, as práticas da contravenção eram lembradas. A Mocidade Independente de Padre Miguel, por exemplo, trouxe uma comissão de frente formada por enormes caixas que representavam máquinas de caça-níqueis, no desfile desta segunda-feira. No dia anterior, a Imperatriz Leopoldinense já tinha vindo com um carro abre alas com o jogo do bicho, revela reportagem de Vera Araújo no blog Segredos do Crime no Globo Online.

Impedidos de sair após 20h, por se encontrarem em prisão domiciliar e fazerem uso de tornozeleiras eletrônicas, os bicheiros Rogério Andrade e Capitão Guimarães, não conseguiram reverter as decisões judiciais para assistirem ao espetáculo. O primeiro, patrono da Mocidade, foi lembrado pela simbologia dos caça-níqueis. O coreógrafo da comissão de frente da escola, Paulo Pinna, justificou a escolha da alegoria:

— A máquina de caça-níquel veio para honrar nossas raízes e quem faz por nós, pela nossa escola — disse Pina.

O carro “Se sonhar com bicho, risca a fé no talão”, da Imperatriz, conta a história da cigana Esmeralda. O carnavalesco da Imperatriz, Leandro Vieira, trouxe um carrossel com animais do jogo do bicho, para mostrar o fascínio que as interpretações dos sonhos exercem nas pessoas. Não à toa, há quem faça uma “fezinha” no jogo do bicho, baseado no que sonhou. Na série documental “Vale o Escrito” do Globoplay, que vem sendo exibida desde novembro do ano passado, a prática de “fazer uma fezinha” é bastante comum.

Além da comissão de frente da Mocidade, Andrade também foi lembrado pela mulher, Fabíola Andrade, madrinha da bateria da escola. Minutos antes do desfile, Fabíola comentou que não tinha visto o marido nesta terça-feira, porque se arrumou num hotel, na Barra da Tijuca. Segundo ela, o contraventor parecia mais nervoso do que ela com o desempenho da agremiação.

A aparição de um boneco gigante do animal castor, feito de pelúcia, mexeu com a imaginação de quem estava no Sambódromo. O castor é o mascote da Mocidade e lembra o bicheiro Castor de Andrade, tio de Andrade, que morreu de infarto em 1997. Durante o desfile, a pessoa vestida na fantasia do boneco interagiu com Fabíola. Houve quem imaginasse ser Andrade disfarçado, burlando a Justiça, ao sair no desfile da escola de coração. No entanto, uma fonte do serviço de monitoramento do equipamento, informou que a tornozeleira dele indicava que, no horário determinado pela Justiça, o contraventor se encontrava em casa, ou seja, a partir de 20h. Como a Mocidade foi a primeira a desfilar, a partir de 22h, não seria ele.

Já o capitão Guimarães era representado pelo filho Luiz Guimarães, o Luizinho, presidente da Unidos de Vila Isabel. O filho, elegantemente vestido com um terno azul bebê, falou da falta do pai na avenida, explicando que ele teve que assistir ao desfile pela TV:

— Ele está assistindo de casa. Ele não me ligou para comentar o desfile, porque não pode usar telefone (a Justiça o proibiu que usasse celular). Mas tive lá na casa dele, antes de vir para cá, e ele me passou as melhores energias possíveis — afirmou.

Já falecidos, Luiz Pacheco Drumond, o Luizinho, patrono da Imperatriz Leopoldinense, e José Carlos Monassa, que presidiu a Unidos do Viradouro, tiveram os nomes citados quando as agremiações foram anunciadas pelo locutor da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) para entrar na Sapucaí, nas manhãs de segunda e terça-feira, respectivamente.

Aniz Abraão David, o Anísio da Beija-Flor de Nilópolis, de 86 anos, foi exceção entre os bicheiros da velha cúpula ao comparecer ao Sambódromo, no domingo, com a sua cadeira motorizada. Ele é pai de Gabriel David, diretor de marketing da Liga das Escolas de Samba (Liesa), cotado para ser o presidente da entidade este ano.

Além de Andrade e Capitão Guimarães, deixaram de aparecer na Sapucaí: o contraventor Bernardo Bello, as irmãs Shanna e Tamara Garcia. Eles foram personificados em fantasias irônicas durante o carnaval. Um folião vestido com a camisa lilás e a credencial da Liesa encarnou o personagem Bello, apesar dele estar foragido da Justiça, respondendo a três crimes. Pelas redes sociais, a irreverência ficou por conta de Tamara que, mesmo sendo gêmea de Shanna, pediu à produção de “Vale o Escrito” que não divulgasse a imagem dela. Foi postada uma foto, durante o carnaval, de uma “sombra” representando Tamara. Até Shanna, por diversão, também fez a mesma postagem no Instagram pessoal com o “contraluz” da irmã.

 

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