Bruno Lopez diz que não era o chefe da operação: ‘Meu papel era negociar’
Apontado pelo Ministério Público de Goiás como o líder da organização criminosa que manipulou jogos do futebol brasileiro, o empresário Bruno Lopez falou pela primeira vez após sair da prisão, em agosto deste ano. Durante uma entrevista ao canal do Youtube “Cartoloucos”, o apostador revelou que teve grande participação no esquema, mas não era ele quem comandava.
— Não era (o chefe do esquema das apostas). Eu tive grande participação, meu papel era negociar com os jogadores, mas tudo consensual, não coloquei arma na cabeça de ninguém. Eu me interessei pelo dinheiro. Fui culpado e errei, me arrependo amargamente. O que pegaram no meu telefone, tudo já foi revelado, eu não desejo o que passei a ninguém — disse Bruno.
Ainda na entrevista, Bruno afirma que o futebol é sujo e disse que enxerga o esporte de outra maneira desde então. Além disso, o apostador revelou que não tem mais um centavo do dinheiro que ganhou nas apostas esportivas e para ele tudo isso não valeu a pena.
— O futebol é sujo, hoje você pagando uma quantia, consegue colocar um atleta em uma equipe. Estando no futebol, você enxerga ele de outra maneira, hoje não vejo com a mesma seriedade, não só por causa de mim, isso já ocorre no futebol há muito tempo. Fui culpado e errei, mas não fui o causador disso tudo, tem muita gente fazendo isso — apontou Bruno.
— Tudo que vem fácil, vai fácil, perdi tudo, e muito mais. Da mesma forma que em alguns meses eu vivi uma vida legal, com uma condição legal, em alguns meses eu perdi tudo. Então não valeu a pena. Fui preso e perdi tudo. O carro que eu tinha comprado usei pra pagar advogado e eu não tenho nenhum dinheiro guardado das apostas — concluiu.
Quem é Bruno Lopez?
Lopez é uma das 16 pessoas denunciadas pela Operação Penalidade Máxima II, e chegou a ser preso durante a primeira fase da investigação, em fevereiro. Na época, o empresário foi solto em seguida e voltou a agir. Em março, ele manteve conversa com um interlocutor sobre apostas e lucros e, por isso, foi detido novamente, na segunda fase da operação.
Além de ser apontado como o comandante da quadrilha, em seu currículo, Bruno Lopez afirma ter jogado em diversos clubes, dos quais nunca fez parte. Seu histórico no futsal está disponível na página da empresa da qual é proprietário. Nele, o empresário alega ter passagem por seis clubes brasileiros, além de equipes alemãs.
Lopez afirma ter atuado pelo sub-17 do Palmeiras em 2010, mas o clube nega. Ainda nas categorias de base, BL diz ter se mudado para a Alemanha, onde teria jogado pelo Tus Leopoldshöhe (ALE), Fsg Waddenhausen (ALE) e Spvgg Bad Pyrmont (ALE).
De volta ao Brasil, em 2018, o empresário afirma ter jogado pelo Operário AC-MS. O contrato do jogador, no entanto, durou apenas uma semana, entre 9 e 15 de fevereiro, quando não houve partidas. Lopez afirma ter deixado novamente o Brasil para atuar na Alemanha e na China, mas não há registro de jogos.
Ao retornar, Bruno teria feito parte da equipe do EC São Bernardo. Apesar da existência de um contrato de três meses, Lopez nunca entrou em campo pelo time. No currículo, ele registra que atuou pelo clube em 2019 e 2020.
Além de mentir em seu próprio histórico no esporte, ele é acusado de falsificar uma carta de apresentação para um de seus clientes. O documento teria sido assinado por um diretor do Corinthians, permitindo que o jovem treinasse no time. Um inquérito policial foi aberto para investigar o caso. Recentemente, uma perícia realizada pelo Instituto de Criminalística constatou que a assinatura foi forjada. (O Globo)