Clubes devem receber R$ 2 milhões ao ano com apostas e discutem se compensa
Cruzamento de cálculos dos clubes de futebol e das casas de aposta mostram que cada uma das principais equipes do país teria direito a uma média de R$ 2 milhões ao ano em troca de cederem suas marcas para a regulamentação das apostas esportivas. A discussão no momento é se a negociação vale a pena.
Como mostrou o Olhar Olímpico na sexta, um estudo da H2 Gambling calcula que o GGR das casas de aposta brasileira não ultrapasse R$ 6,9 bilhões em 2024.
Uma lei de 2018, alterada em 2021, já prevê uma taxação de 1,63% do GGR como compensação às entidades desportivas brasileiras que cederem os direitos de uso de suas denominações, marcas, emblemas, etc.
Por esses números, o repasse seria de cerca de R$ 100 milhões para todas as modalidades. Os clubes estimam que o futebol corresponda a cerca de 80% das apostas esportivas, com uma parcela delas envolvendo clubes estrangeiros.
A conta é que entre R$ 30 milhões e R$ 50 milhões ao ano seriam distribuídos exclusivamente aos clubes da Série A, com os de maior torcida e repercussão sendo objeto de mais apostas e, naturalmente, recebendo mais. Dificilmente um único clube teria direito a mais de R$ 5 milhões ao ano.
Em reuniões com o Ministério da Fazenda, os clubes defenderam receber o triplo, o que o governo não aceitou negociar.
Aos clubes, restaram duas opções: 1) aceitar receber em média R$ 2 milhões ao ano em troca da cessão da imagem ou 2) autorizar o uso de suas marcas, ficar sem o repasse do governo, mas manter sob seu controle uma propriedade que pode vir a valer mais dinheiro em negociações diretamente com as bets.
Hoje, a tendência é que diversos clubes optem pela segunda opção.
A comparação é com as Loterias da Caixa, que movimentam um quarto do que movimentam as apostas esportivas, mas repassaram R$ 1,6 bilhão ao esporte. Só os clubes de futebol tiveram direito a R$ 79 milhões no ano passado, mais do que ele eles vão ganhar com as apostas esportivas. (Olhar Olímpico – UOL Esporte)