Crise tem potencial de gerar déficit de imagem para as apostas, jogos e loterias
A crise instalada pelas investigações de esquemas de manipulação de resultados em partidas de futebol por apostas esportivas no Brasil está longe do fim. Temos certeza de que o cenário vai ficar ainda pior com a instalação da CPI da Manipulação dos Resultados e com os avanços das investigações.
A reportagem de 10 minutos exibida no Fantástico desde domingo é o termômetro da exposição que o tema terá na grande mídia.
Apesar de sabermos que as plataformas são as maiores vítimas da manipulação, os representantes ou heads das empresas que operam no Brasil serão convocados para prestar esclarecimentos na CPI. Esta informação foi confirmada neste fim de semana pelo BNLData com um dos 34 integrantes que será indicado pelo partido.
Em entrevista ao Estadão, o deputado Felipe Carreras (PSB-PE), responsável pelo requerimento, protocolado em março, dias depois de o Ministério Público de Goiás (MP-GO) e que será o presidente do colegiado deu indicações de como serão as investigações.
“Vamos ouvir todos os atores, desde quem organiza as competições, até as empresas. Tem casas de apostas idôneas, mas também tem as com suspeição em cima delas”, afirmou o deputado. Ele disse acreditar que “a credibilidade do futebol brasileiro está em xeque”.
A CPI da Manipulação de Resultados do Futebol é considerada temporária e tem a duração inicial de 120 dias. Ou seja, serão quatro meses de exposição diária na mídia.
Medida provisória das apostas esportivas
Ainda não está definida a edição e publicação da medida provisória das apostas esportivas encaminhada na última quarta-feira (10) para o Palácio do Planalto pelo Ministério da Fazenda. A minuta da MP está em análise da Secretaria Especial para Assuntos Jurídicos da Casa Civil. A dúvida é como será a tramitação desta proposta em paralelo com as investigações da CPI que vai investigar manipulação de resultados de partidas de futebol.
Bancada evangélica contrária
Além disso, a bancada evangélica no Congresso informa que vai tentar barrar a discussão sobre a regulamentação das apostas esportivas. Lembrando que se os evangélicos tiverem sucesso e rejeitar a medida provisória, fica valendo o texto original da Lei 13.756/18.
Empresas de monitoramento falharam
Uma das conclusões entre os especialistas do setor é que as empresas de monitoramento de risco que assessoram a CBF, clubes de futebol e plataformas de apostas esportivas, falharam em não detectar o esquema de manipulação de resultados para tirar proveito dos sites de apostas esportivas.
Riscos de contaminação do sistema de jogos, apostas e loterias
Conforme já registrado pelo BNLData, a crise de manipulação de resultados de partidas de futebol para apostas esportivas tem potencial de gerar uma crise de credibilidade no negócio de jogos, apostas e loterias.
O editorial do O Estado de S.Paulo do último sábado usa a manipulação de resultados para criticar a legalização dos jogos no país.
“Os arautos da jogatina fingem não ver, claro, que os recursos que surgem de um lado desaparecem do outro, no rastro da desagregação do tecido social e dos demais danos provocados pelos jogos de azar. Sem falar na porta que se abre para a lavagem de dinheiro e outros crimes”, opina o jornal paulista, que sempre se coloca com frequência na vanguarda do atraso e do conservadorismo.
“Eis o triste retrato do que as casas de apostas online são capazes de produzir. Um problema que só se agravará se essa modalidade de jogo vier a ser legalizada no Brasil”, finaliza o texto.
Na última sexta-feira (12), o jornalistas Octávio Guedes comentou na Globonews, em tom de dúvidas, que é impossível que as casas de apostas não soubessem das manipulações de resultados e que as investigações da Polícia Federal e da CPI poderão esclarecer.
Opinião convergente
Em entrevista ao O Globo, o presidente do Vila Nova Futebol Clube e major da Polícia Militar, Hugo Jorge Bravo que denunciou o esquema de manipulação dos resultados manifestou sua opinião sobre a regulamentação das apostas esportivas no Brasil.
“Eu sou 100% a favor. Tem que regulamentar. E algumas medidas são urgentes. Por exemplo: ações individuais, como o cometimento de pênalti, falta ou punição com cartão amarelo ou vermelho, não podem ser objeto de aposta. Esse tipo de aposta favorece a manipulação, porque só depende da ação de um jogador e não de diversos fatores. Se abre uma porta para o jogador procurar benefício individual em detrimento do clube. Outra coisa: campeonatos menores, divisões inferiores e torneios de base não podem ter aposta. São mais suscetíveis à manipulação”. Isso é óbvio!
Apertem os cintos
Seria oportuno um comitê de crise para enfrentar a turbulência que a exposição do setor na mídia vai gerar em função da CPI da manipulação de resultados de partidas de futebol e que já é chamada pela mídia como CPI das Apostas Esportivas ou CPI das Bets.
Lembrando que estamos ainda no início desta crise, que tem potencial de gerar um grande déficit de imagem no setor.