Escândalo racha turfistas

Jockey I 02.12.04

Por: sync

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O escândalo das apostas feitas por jóqueis, que são acusados de ter tentado armar resultados para ganhar o prêmio acumulado da Quinexata, resultou na suspensão de cinco deles, incluindo o campeão do GP Brasil deste ano, Alex Mota, e rachou a comunidade turfística. Enquanto o presidente do Jockey Club Brasileiro (JCB), Luiz Alfredo Taunay, afirma que a punição severa servirá de estímulo ao crescimento do esporte, o maior jóquei brasileiro, Jorge Ricardo, tem certeza de que a credibilidade do turfe será duramente afetada pelo episódio.
Taunay está seguro da correção das punições aplicadas e não teme que o escândalo diminua a confiança dos apostadores na lisura dos páreos. “O volume de apostas não vai diminuir porque a punição severa aos atletas mostrou que o turfista está sendo protegido pela diretoria do clube”, disse o presidente. Taunay considera que o desenvolvimento dos fatos aumentará a credibilidade do turfe perante a população. “Isso vai trazer um impacto positivo para o esporte, uma vez que, verificadas as irregularidades, elas foram punidas com rigor”, garantiu.
Já Jorge Ricardo, maior referência do turfe no Brasil, pensa bem diferente. “O turfe já não tem muito prestígio porque acham que é um mundo de jogadores viciados e ainda acontece isso. Esse episódio é muito chato para nós, profissionais, já que vai acabar com a nossa credibilidade”, afirmou Ricardinho.
Segundo maior vencedor da história do turfe mundial, Jorge Ricardo considera difícil que os jóqueis punidos realmente tenham se envolvido com apostas dentro do Hipódromo da Gávea. “Eu conheço todos eles, e tenho uma relação normal com os cinco, são meus colegas. Na minha opinião, eles não seriam capazes de fazer o que está sendo divulgado”, disse o jóquei.
Jorge Ricardo não esteve nos páreos do dia 19, quando ocorreu a suposta fraude, mas disse que não ouviu comentários sobre falta de empenho nos páreos desse dia. Ele acrescentou que os jóqueis desconhecem a existência de provas que condenem os cinco suspensos. “É complicado, pois foi tudo muito rápido. Nós não sabemos se há provas que confirmem o fato”, afirmou Ricardinho.
O delegado titular da 15ª DP (Gávea), Wanderley de Barros, disse que está sabendo do caso apenas pelos jornais. O delegado confirmou que abrirá um inquérito policial para apurar as denúncias de fraude quando receber a conclusão das investigações do JCB. Entenda a polêmica que abalou o turfe brasileiro.No dia 22, a Comissão de Corridas do Jockey Club Brasileiro formou uma Comissão de Inquérito para investigar os páreos do dia 19. A suspeita era de que jóqueis haviam apostado na Quinexata (modalidade na qual se deve acertar a dupla exata dos cinco últimos páreos do dia) e armado os resultados para ficar com o prêmio acumulado, que era de quase R$ 1 milhão. O plano foi mal-sucedido porque Ezequiel Mendes, que desconhecia a trama, chegou em segundo no último páreo.
Na terça-feira, a Comissão de Inquérito divulgou os primeiros resultados das investigações e as punições a cinco jóqueis: Alex Mota, campeão do GP Brasil deste ano, Jorge Leme e Marco Aurélio foram suspensos por um ano e meio, enquanto Acedenir Gulart e César Gustavo Netto foram afastados por um ano.
Os três primeiros infringiram dois artigos do Código Nacional de Corridas, que dizem que o jóquei não pode participar de apostas dentro do clube onde monta e que tem que se empenhar nos páreos de que participa. Já César e Acedenir foram punidos apenas pelas apostas.
Ainda na terça-feira, a Comissão de Inquérito foi prorrogada por 15 dias, e a expectativa é de que novas punições sejam anunciadas até a conclusão dos trabalhos. Quando encerrar suas investigações, o Jockey Club enviará o relatório final à 15ª DP, na Gávea. Com o documento em mãos, os policiais abrirão um inquérito para apurar as graves denúncias contra os jóqueis.

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