Governo omite números oficiais sobre arrecadação das apostas online

A Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda (SPA-MF) ainda não publicou os resultados oficiais da arrecadação e dos prêmios pagos no primeiro trimestre ou dos primeiros meses de 2025. A ausência de divulgação ocorre mesmo após o encerramento do período, com o mês de maio já em sua segunda semana. Esta demora na publicação dos dados oficiais está gerando especulação e narrativas contrárias ao setor por vários segmentos da sociedade, que são amplamente divulgadas na grande mídia e colocam o setor de bets como o vilão da economia.
Informações sobre o setor têm chegado ao público apenas por meios indiretos. O jornal Valor Econômico publicou na sexta-feira (9) uma reportagem em que o presidente do Grupo Assaí menciona que as bets teriam retirado R$ 400 bilhões do consumo, com base em dados do Banco Central que apontariam movimentação de até R$ 30 bilhões mensais no setor.
Diante da falta de publicações oficiais pela SPA-MF, interessados têm recorrido à Lei de Acesso à Informação para obter dados parciais sobre o mercado de apostas. A Coluna do Estadão conseguiu apurar que a arrecadação com a taxa de fiscalização cobrada das empresas de apostas online totalizou R$ 21,4 milhões no primeiro trimestre deste ano.
Os valores arrecadados com esta taxa mostraram crescimento constante. Em janeiro, foram recolhidos R$ 6,8 milhões, seguidos por R$ 7,2 milhões em fevereiro e R$ 7,4 milhões em março, evidenciando aumento progressivo na arrecadação fiscal do setor.
Outra informação relevante sobre o mercado de apostas foi divulgada esta semana pela coluna de Lauro Jardim no Globo Online. A nota informou que o Ministério do Turismo fez o primeiro repasse de recursos arrecadados com o mercado das bets para a Embratur, no valor de R$ 40 milhões, destinados à agência comandada por Marcelo Freixo.
A Fazenda não divulgou até o momento o Gross Gaming Revenue (GGR) gerado pelo setor de apostas e jogos online no período, métrica importante para entender o volume financeiro movimentado por esta indústria. Esta falta de transparência é particularmente preocupante em um momento em que o setor enfrenta crescente escrutínio público e precisa de dados concretos para contrapor narrativas negativas.
O mercado regulado de apostas aguarda da SPA-MF o mesmo nível de transparência que foi aplicado durante o processo de regulamentação da atividade no país. A divulgação oportuna desses dados é fundamental não apenas para o setor, mas para toda a sociedade compreender o real impacto econômico das apostas online no Brasil.