Influencers de bets: Austrália encontra equilíbrio entre a proteção do consumidor sem sufocar o setor

Apostas I 09.03.25

Por: Magno José

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As novas leis trazem estabilidade jurídica, mas exigem práticas de marketing éticas e responsabilidade no combate ao vício em jogos

O cenário das apostas esportivas brasileiro vem passando por uma grande transformação, principalmente, com a regulamentação do setor iniciada em 2023 e finalizada no final de 2024.

Com a legislação das bets sancionada, o mercado passou a contar com normas claras e estruturas bem definidas. Essa formalização trouxe estabilidade jurídica, promovendo oportunidades para um desenvolvimento sustentável, entretanto, também vem apresentando desafios consideráveis para as organizações, dentre eles, a necessidade de práticas de marketing éticas, responsáveis e em conformidade com as novas leis.

“A jornada pela regulamentação foi extensa e acompanhada por debates acalorados. Por um lado, a necessidade urgente de resguardar os consumidores, combater fraudes e impedir que o setor de apostas fosse relacionado a atividades ilegais estava em pauta. Por outro, a indústria argumentava sobre o valor de estabelecer um panorama que conciliasse segurança com espaço para a criatividade florescer.  Neste cenário, o marketing de influência é um foco importante aqui – sendo elemento crucial na comunicação das casas de apostas no Brasil, tendo em vista que os influenciadores exercem grande indução sobre as escolhas dos consumidores”, explica a executiva de marketing e especialista no setor, Fátima Bana.

As novas normativas estabelecem diretrizes mais rigorosas para que as empresas de jogos de azar operem sob licenciamento governamental e paguem impostos específicos, com base em seus ganhos líquidos. Além disso, estas regulamentações visam fortalecer as medidas de prevenção ao vício em jogos e proteger segmentos vulneráveis da sociedade, como os menores de idade. Isso resulta na necessidade de campanhas publicitárias transparentes e esclarecedoras, livres de qualquer tipo de promessa enganosa ou romantização das apostas.

Estimativas divulgadas pelo Itaú mostram que entre junho de 2023 e junho de 2024, os brasileiros perderam R$ 23,9 bilhões em apostas. Dados como esse demonstram a urgente necessidade dos influencers de bets realizarem anúncios de forma clara e transparente, informando os riscos associados às apostas e combatendo a ilusão de que esse é um caminho fácil para se ganhar dinheiro.

“Quando analisamos o Brasil em comparação a mercados desenvolvidos, como o Reino Unido, por exemplo, encontramos aspectos em comum e diferenças interessantes. Lá, a Comissão de Jogos é conhecida por sua postura rigorosa e proativa, e as atividades de marketing já estão limitadas a plataformas controladas, onde os influenciadores são diretamente responsáveis pelo conteúdo que compartilham. Já a Alemanha adotou uma abordagem ainda mais ativa, monitorando as transações dos jogadores em tempo real para garantir a integridade do setor. Na Austrália é encontrado um equilíbrio entre a proteção do consumidor e a liberdade de atuação ao impor restrições à publicidade sem sufocar o setor”, ressalta Bana.

Ainda no estágio inicial da regulamentação, o Brasil parece estar tentando equilibrar as coisas. A necessidade da empresa se registrar no país, ter o monitoramento por CPF e o direcionamento dos impostos para setores como educação e segurança, são medidas que fortalecem o elo entre o setor industrial e a sociedade.

A publicidade desempenha um papel relevante na popularização das bets, e o uso de celebridades em suas campanhas, cria uma associação ilusória entre apostas e sucesso. Um estudo realizado pela Nielsen, por exemplo, mostrou que 92% dos consumidores confiam mais em recomendações de indivíduos, do que nas marcas. Portanto, é primordial que as empresas desenvolvam campanhas publicitárias fundamentadas em valores como: ética empresarial, respeito ao consumidor e transparência nas informações prestadas, visando sempre construir uma imagem sólida perante o público-alvo.

“Ao invés de simplesmente promoverem a ideia de lucros rápidos, os anúncios devem enfatizar a diversão e o lazer proporcionados pelo ato de apostar, sempre ressaltando os aspectos negativos relacionado ao vício do jogo excessivo ou descontrolado”, ressalta a executiva de marketing.

Do ponto de vista dos negócios e do mercado em geral, é importante notar que as regulamentações também podem ser vistas como uma oportunidade positiva. A formalização da indústria de apostas pode trazer mais credibilidade para as empresas desse segmento, possibilitando parcerias estratégicas com grandes marcas e permitindo sua expansão para mercados mais tradicionais e conservadores.

Com uma base estimada de 24 milhões de clientes brasileiros, o setor ainda tem um enorme potencial para crescimento e desenvolvimento. Contudo, é importante que essa progressão ocorra de maneira cuidadosa, respeitando as normas estabelecidas legalmente e garantindo a sustentabilidade do mercado em longo prazo.

De acordo com Fátima, “o uso do marketing de influência se destaca por sua capacidade única de estabelecer conexões autênticas com o público-alvo e continuará sendo um dos pilares do setor, no entanto, o êxito só será possível se os influenciadores reconhecerem o poder que há na imagem deles, e que isso inclui o dever ético de colaborarem em prol da construção de um mercado responsável e sustentável”.

(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão. (Terra Notícias)

 

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