‘Jogo do Tigrinho’: influencer presa em operação contra apostas ilegais revela que continua faturando com jogos on-line e pretende ser dona de plataforma virtual
A influenciadora Noelle Araújo, que passou cinco dias presa após se entregar à polícia na operação “Truque de Mestre”, que investiga esquemas de jogos de azar no Pará, afirmou em postagem no Instagram, que segue fazendo apostas no “Jogo do Tigrinho”. Por meio dos stories (assista aqui), Noelle revelou que ganhou R$ 10 mil em apostas e usou o dinheiro para custear as festividades de Réveillon. No vídeo, ela aparece entusiasmada e revela que deseja ser dona de uma plataforma de jogos.
Ao g1 Pará, a defesa de Noelle informou que ela foi liberada da prisão sem medida cautelar, diferente das condições de soltura dos demais envolvidos, que estão proibidos de usar as redes sociais.
O g1 procurou a Polícia Civil e a Justiça do Pará sobre a prática e aguarda um posicionamento.
De acordo com as investigações, o esquema junto aos influenciadores funcionava deste modo: a cada 100 “aliciados”, cada influenciador recebia R$ 1 mil.
A ex-garota de programa é apontada pela polícia como principal alvo da investigação por supostamente ter feito 10 mil vítimas no esquema de apostas on-line. Noelle chegou a movimentar R$ 20 milhões no esquema que aliciava pessoas on-line para o site de apostas.
Noelle também já foi condenada a devolver R$ 200 mil de fundo eleitoral no Pará.
Nos vídeos postados pela rede social, Noelle comemora a aprovação da Lei 14.790, que regulamenta apostas esportivas e jogos online no Brasil. De acordo com o decreto, aprovado pelo presidente Lula, incidirá Imposto de Renda, de alíquota de 15%, sobre os ganhos de apostadores. Já para as empresas, a taxação será de 12% do valor arrecadado após deduções. Haverá isenção para premiação de até R$2.112.
O texto também estabelece que, para atuar no país, as empresas de apostas online terão de pagar R$ 30 milhões para obter a licença de operação.
Com a legislação, Noelle revelou que gostaria de se tornar dona de uma plataforma on-line. “Já até acionei algumas pessoas aqui. Para ter uma plataforma legalizada no país tem que pagar o imposto de R$ 30 milhões para o governo federal. Para o quê movimenta uma plataforma […] se juntar 10 pessoas, com R$ 3 milhões cada uma, acabou. Quero ser dona de uma plataforma agora.”
Prisão
Noelle se entregou à polícia e passou por audiência de custódia no último dia 20, sendo mantida a prisão no Centro de Recuperação Feminino (CRF), em Ananindeua. Segundo seu advogado, a prisão temporária não foi convertida em preventiva e ela já está em casa.
Além de Noelle, outras seis pessoas tiveram prisão revogada pela Justiça e foram soltos para responder em liberdade, cumprindo medidas como proibição de usar as redes sociais.
Uma oitava influenciadora, Rayssa Rerbary também estava presa, em Recife (PE). O g1 não teve retorno do Sepa e TJ sobre a prisão dela.
As investigações continuam e a Polícia Civil segue os trabalhos para prender mais quatro pessoas que tiveram os mandados de prisão expedido e não foram encontradas: Ingrid Naiane Silva da Silva; Lucas Tavares Lobo; Hellen Mayara Oliveira Borges; e Lorrany do Socorro Almeida de Souza.
Quem é Noelle Araújo?
Noelle administrava uma casa de swing usada para lavagem do dinheiro obtido com as apostas, segundo as investigações. Antes disso, ela ganhava a vida como acompanhante de luxo e compartilhava o trabalho nas redes sociais. Com o retorno às redes sociais, o perfil de Noelle contabiliza mais de 150 mil seguidores.
A defesa dele informou que ela procurou a polícia quando “soube que estava sendo procurada, para poder apresentar à mesa e, após um depoimento bem transparente, elucidando toda a situação, acreditou que não haveria motivo mais para o Ministério Público requerer essa renovação da [prisão] temporária, muito menos a decretação da preventiva”. “Ela não tinha interesse também em por obstáculos na investigação. Foi liberada e está em casa”, disse o advogado dela ao g1 neste domingo, sem se posicionar sobre as suspeitas levantadas pela investigação.
Segundo as investigações da polícia, a paraense é apontada por lavagem de dinheiro através da micro-empresa, a Palazzo Rêsto Club, um estabelecimento de entretenimento adulto, localizado em Belém. O local é avaliado em R$ 250 mil e a influenciadora é uma das sócias-administradoras.
Antes dos “jogos do tigrinho”, Noelle foi candidata a deputada federal pelo Partido Progressista (PP) nas eleições de 2022. Ela conseguiu mais de 13 mil votos, mas não conseguiu se eleger.
Operação Truque de Mestre
Segundo as investigações, os influenciadores ganhavam dinheiro para incentivar os seguidores a fazerem apostas em plataformas de jogos de azar, ilegais aqui no Brasil. Alguns compraram casas de luxo em condomínios de Belém e veículos importados, segundo a polícia.
A operação começou há quatro meses, quando uma vítima compareceu à Seccional do Comércio, na capital paraense, e relatou que perdeu R$ 15 mil. De acordo com a vítima, ela teria ganho R$ 400 mil no jogo mas, ao tentar sacar o valor, foi bloqueada no site de apostas. (g1 Globo – Pará)