Ronaldo Gomlevsky: “Não posso falar por outros judeus, falo por mim – sou absolutamente favorável à abertura dos cassinos, dos bingos e do jogo do bicho”

Destaque I 01.03.21

Por: Elaine Silva

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Ronaldo Gomlevsky, na foto com o presidente Jair Bolsonaro, é empresário, jornalista, advogado e editor da Revista Menorah e do programa Menorah na TV, cujas edições internacionais já foram produzidas em 56 países

Em entrevista exclusiva à Tribuna da Imprensa Livre sobre a regulamentação de jogos no Brasil, o jornalista Ronaldo Gomlevsky destacou: “Diferentemente do que muitos pensam, Israel não é perfeito. A sociedade israelense tem uma infeliz questão política que coloca os religiosos ortodoxos no poder, a cada eleição, como fiéis da balança para assentar primeiros-ministros. Essa turma é contra o jogo de cassinos. Israel tem uma lei muito mais pesada do que a brasileira neste quesito. Agora, a grande verdade é que lá, assim como cá, existe o ranço do estado operando loterias. Não querem concorrência. Muito parecido com o que ocorreu no Brasil. Lá, a sinagoga leva a fama. Aqui, a igreja. “Criador do Canal Menorah, voltado para a comunidade judaica do Brasil, Gomlevsky colocou à disposição sua estrutura de comunicação para: “Promover o debate, abrir os olhos do povo e dar divulgação à ideia da legalização imediata dos jogos – cassinos, bingos e jogo do bicho.”

Luiz Carlos Prestes Filho: As principais atividades econômicas que contribuem com o desenvolvimento social e econômico do Brasil são o agronegócio, o petróleo e o gás. Por que não investimos em produtos de valor agregado?

Ronaldo Gomlevsky: Não investimos em valores agregados, como por exemplo, cassinos, em virtude de que as elites nacionais não conseguem entender que o estado não pode ser agente de negócios e muito menos controlador de atividade econômica, num sistema de livre iniciativa. A grande verdade é que no caso dos cassinos, bingos e do jogo do bicho, legalizar estas atividades significará concorrência para as loterias federal e estaduais. O nosso regime econômico é hibrido e, infelizmente, ainda tem o estado enfiando as mãos onde não deve. Essa negativa de legalização, acaba por perpetuar a jogatina por baixo dos panos.

No Brasil, a loteria é regulada pela Caixa Econômica Federal

Prestes Filho: Porque investimos tão pouco em serviços e produtos voltados para as atividades do Turismo, Lazer e Cultura?

Ronaldo Gomlevsky: Nossos governantes e a classe política em geral se acostumaram com a falta de cultura própria e com um povo ignorante que pretendem manter desta forma. É uma pena que falte investimentos governamentais robustos em teatro, bibliotecas, música e cultura em geral. Sou um amante do futebol, entretanto, entendo que só com o futebol, o Brasil não vai andar. Se gastássemos 20% do que gastamos nos últimos 50 anos com publicidade em TV, para produzir cinema, peças teatrais e incentivo à música, teríamos um povo em melhores condições educacionais e culturais, sem dúvida alguma.

Prestes Filho: Como criador do canal Menorah, voltado a comunidade judaica, você acredita que reabertura de cassinos e bingos poderia colaborar com o fortalecimento do Turismo e Cultura no Brasil? A comunidade judaica aprova?

Ronaldo Gomlevsky: Não posso falar por outros judeus. Todos sabem que ajudo a formar opinião no meio judaico. Assim, falo por mim: sou absolutamente favorável à abertura dos cassinos. Fui criado nos monumentais hotéis das estâncias hidrominerais mineiras e em Petrópolis. Me refiro ao hotel Glória, em Caxambu; ao Hotel Brasil de São Lourenço; ao Palace Hotel e ao Quisisana em Poços de Caldas; e ao Quitandinha em Petrópolis. Todos preparadíssimos para hospedar o jogo e que estão e já antes da pandemia estavam, às moscas. O Quitandinha inclusive, deixou de ser hotel. É vergonhosa essa nossa negativa em relação ao jogo, sem qualquer justificativa plausível ou verdadeira. Sou absolutamente a favor dos bingos abertos. Aqueles que se metem crimes, através das instituições que criam, devem ser processados. A justificativa de lavagem de dinheiro, apenas exige controle e não proibição.

Prestes Filho: Seria importante regulamentar também o jogo do bicho?

Ronaldo Gomlevsky: Sou absolutamente a favor da regulamentação do jogo do bicho. Quem quiser que jogue. Aquele que não gosta, que se divirta como preferir. Regulamentação do bicho, Já!

Prestes Filho: No Brasil como em Israel o jogo é proibido. O que faz o Brasil proibir cassinos e bingos como Israel? O que faz Israel proibir jogos como o Brasil?

Ronaldo Gomlevsky: Diferentemente do que muitos pensam, Israel não é perfeito. A sociedade israelense tem uma infeliz questão política que coloca os religiosos ortodoxos no poder, a cada eleição, como fiéis da balança para assentar primeiros-ministros. Essa turma é contra o jogo de cassinos. Israel tem uma lei muito mais pesada do que a brasileira neste quesito. Agora, a grande verdade é que lá, assim como cá, existe o ranço do estado operando loterias. Não querem concorrência. Muito parecido com o que ocorreu no Brasil. Lá, a sinagoga leva a fama. Aqui, a igreja.

Prestes Filho: Existe contradição de americanos judeus serem investidores em cassinos de Las Vegas?

Ronaldo Gomlevsky: Não há qualquer contradição. Talvez poucos saibam que a prefeita de Las Vegas é uma mulher judia que tem uma nora brasileira. Essa mulher substituiu o marido dela que foi prefeito da cidade por mais de 10 anos. Talvez poucos saibam, também, que foi o mafioso judeu, Bucksy Seagal, que construiu o primeiro grande cassino de Vegas que responde pelo nome de Flamingo. Esse cara, um matador, bandido mas grande empreendedor, conseguiu dinheiro com Al Capone e de outros grandes mafiosos e não conseguia, ou não queria, na verdade ninguém sabe, terminar a construção do cassino. Os sócios mafiosos perderam a paciência e meteram-lhe uma bala na testa. Hoje, vários hotéis cassinos pertencem a judeus bilionários. O mais requisitado é o Venetian que é apenas o máximo e pertence à família de Sheldon Adelson que por diversas vezes esteve no Rio de Janeiro e é recém falecido.

Prestes Filho: Na sua opinião qual deveria ser o destino da arrecadação tributária dos jogos regulamentados? Saúde? Educação? Turismo?

Ronaldo Gomlevsky: Não gosto de dinheiro carimbado. Tributação recolhida para o caixa do executivo e ponto final.

Prestes Filho: Você acredita que é possível no Brasil uma fiscalização rigorosa das atividades dos cassinos regulamentados?

Ronaldo Gomlevsky: Acredito que o Brasil pode fazer tudo direito e decentemente. Basta que a Lei de Gerson seja deixada de lado. Isso é possível com educação de qualidade e formação digna da juventude. Sem jeitinho e sem corrupção. Nossa justiça também tem pisado na bola.

Prestes Filho: Você acredita que o jogo regulamentado fortalece a democracia?

Ronaldo Gomlevsky: Acredito piamente que o jogo regulamentado fortalece a democracia, regime em que tudo é possível com limites. Já passou da hora de trocarmos o não, pelo sim com regras. O sim é parte integrante do regime democrático. O não faz parte do folclore do… “sabe com quem está falando?” Desse sistema, não gosto nada!

Prestes Filho: Os meios de comunicação precisam realizar um trabalho de esclarecimento permanente sobre o potencial econômico positivo dos jogos?

Ronaldo Gomlevsky: O mundo hoje é composto de 4 esquinas, ou seja, um quarteirão pequenininho e este fato se deve à comunicação, à publicidade e às redes sociais. É claro que o Canal Menorah e todas as nossas mídias estão abertas não só para o debate como para abrir os olhos do povo e dar divulgação à ideia da legalização imediata dos jogos, dos cassinos e do bicho.

(Entrevista nº 23 da série especial ‘Regulamentação de Jogos’ coordenada pelo Diretor Executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre, Luiz Carlos Prestes Filho – Entrevista publicada nesta segunda-feira, dia 1º de março)

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