Só no Brasil…ou só porque é Brasil?

Opinião I 19.05.24

Por: Magno José

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As apostas esportivas são uma oportunidade real ao varejo
Marcio Borges Malta*

Nosso “complexo de vira-lata” nos fez, por muito tempo, atribuir viés pejorativo a notícias e indicadores que desagradam ou vão de encontro ao nosso preconceito e opinião pessoal.

Com a explosão do hashtag#igaming, hashtag#bets, eu, que não fiz minha carreira neste setor (ou ao menos não sou oriundo dele), vejo muitas análises tomadas por este viés associando eventual baixa escolaridade ou intelectualidade do brasileiro à ‘febre das bets’. Todos têm direito a uma opinião e a expressá-la, mas neste caso o ‘só porque é Brasil…’ não procede.

Segundo dados recentes da Comscore, Inc., o Brasil aparece como terceiro maior mercado (de audiência – não receita). Olhando o ranking populacional, excluindo a China e países muçulmanos, onde há grande proibição das apostas por questões religiosas ou definições de governo locais (exceção à Índia por ainda estar abaixo na escala do desenvolvimento econômico e acesso à internet. Ex.: Ecommerce da Índia pouco mais que o dobro do brasileiro com uma população quase 7 vezes maior que a nossa); seria, portanto, óbvio o Brasil ter posição de destaque neste mercado global. Não podemos menosprezar a afinidade do Brasileiro com produtos de sorte e apostas; está intrínseco à nossa cultura.

Todavia, os dados mostram que ainda estamos bastante distantes dos grandes e consolidados mercados. Olhando indicadores relativos (excluindo-se a riqueza do país ou câmbio), dados recentes do Banco Central do Brasil apontam para um gasto total com apostas esportivas e cassino online de cerca de R$ 50 bilhões para um PIB de R$ 10,9 trilhões, obtendo-se uma participação na economia de menos de 0,5% no PIB, que é relevante para um setor econômico totalmente novo, mas bastante abaixo dos dados de mercados mais desenvolvidos e consolidados.

Tendo como exemplo, o estado de Nova Iorque, que atingiu a marca de US$ 19 bilhões movimentados APENAS em apostas esportivas (cassino online representa cerca de 70% costumeiramente neste tipo de operação) para uma economia de US$ 2,2 trilhões (0,86% de participação), acrescentando cassino online NY tende a ter o triplo da penetração/PIB do Brasil – aqui estou ignorando dados absolutos e efeitos de câmbio.

Minha constatação é que passou da hora de usarmos o jargão cafona de ‘só no Brasil’, e analisarmos um pouco melhor os dados e as nuances de mercado, neste caso uma nova indústria que surge, a do hashtag#igaming com grandes perspectivas para o mercado brasileiro no desenvolvimento de tecnologias, geração de emprego e divisas para a União.

(*) Marcio Borges Malta é CEO – Chief Executive Officer, Board Member IBGC, Co-Founder e Advisor. O artigo foi publicado no Linkedin.

 

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