Vida de camelo vale mais que a das crianças que montam nele.

Jockey I 02.12.04

Por: sync

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Milhares de crianças procedentes do subcontinente indiano e vendidas como escravos trabalham nos ricos países petroleiros do Golfo montando em camelos de corrida. Atrás das corridas de camelos, típica nos países petroleiros da Península Arábica, esconde-se um triste realidade: crianças de entre três e oito anos são vendidas ou seqüestradas para montar nos camelos dos ricos xeques.
Segundo o ativista de direitos humanos paquistanês, Ansar Burney, entre 8.000 e 10.000 crianças montam em camelos nos Emirados Árabes Unidos.
Burney, presidente da associação Ansar Burney Welfare Trust International, que tirou dezenas de crianças dessa triste ocupação, afirma que cerca de 40.000 delas, a maioria de Paquistão, Índia e Bangladesh, são usadas como "jóqueis" nas corridas de camelos no Kuwait, Arábia Saudita, Omã, Catar e Bahrein, além dos Emirados Árabes.
Essas crianças são seqüestradas, vendidas por suas famílias ou levadas para outro país por traficantes, que as vendem a intermediários por um valor de entre 1.400 e 10.000 dólares, dependendo do peso e da idade.
Os intermediários servem a xeques ou magnatas que procuram crianças, que depois de um treino de até nove horas diárias montem em seus camelos nas corridas.
As crianças, mal alimentadas para continuarem leves, são amarradas ao camelo para não cair, mas às vezes elas caem e podem até morrer, como aconteceu em setembro com um paquistanês de 4 anos.
Aos 12 anos, as crianças que sobreviveram já estão muito pesadas para a atividade e são enviadas de volta a seus países de origem. No entanto, devido à falta de escolaridade e aos anos de separação de suas famílias muitos deles terminam em orfanatos ou nas ruas.
A prática chegou a ser tão comum que o governo dos Emirados Árabe promulgou uma lei em 1993 que exigia que os "jóqueis" pesassem pelo menos 45 quilos.
Em 2002, o governo proibiu que menores de 15 anos participassem das corridas, o que nem sempre é respeitado.
As corridas de camelos são muito populares entre as classes altas dos países do Golfo e embora as apostas sejam proibidas pelo Islã, os ganhadores, os donos dos camelos, recebem prêmios como carros de luxo.
A situação das crianças contrasta com a atenção dada aos camelos, animais que são muito apreciados pelos árabes.
Ahsan Al-Haq, veterinário do hospital, disse à EFE que os camelos se tornaram animais de estimação e que os xeques têm afeto por eles.
Recentemente, um cidadão dos Emirados Árabes pagou 234.000 dólares por um camelo de corrida. Agência EFE

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