Wesley Cardia: “Quanto mais imposto, maior o mercado negro de apostas”
Quase metade dos cigarros vendidos no Brasil são contrabandeados do Paraguai. Segundo Wesley Cardia, presidente da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), isso é consequência dos altos impostos do setor no país, revela a Crusoé. É com esse raciocínio que o representante das casas de apostas esportivas pretende negociar no Congresso uma redução nas taxas que o governo quer impor por meio da regulamentação do mercado de bets. Segundo Cardia, que fala em nome dos 13 associados da ANJL, “quanto maior o imposto, maior o mercado negro de apostas”.
O governo Lula apresentou alguns detalhes da proposta para regulamentar as apostas, mas ainda não encaminhou a medida provisória (que pode se transformar em projeto de lei) aos parlamentares. Nos planos do Palácio do Planalto, que conta com a arrecadação para sustentar o novo arcabouço fiscal, os sites de apostas devem pagar 16% por seus ganhos. “Qualquer empresa no Brasil tem que pagar imposto de renda, INSS, PIS/Cofins. Esse somatório eleva a arrecadação a cerca de 32%”, diz Cardia.
A ANJL pretende baixar os impostos a 25%, o que viabilizaria a atuação de 50 a 100 empresas de apostas no país — atualmente, estima-se que existam 3 mil. “Se as empresas sérias decidirem não operar no Brasil, centenas continuarão operando no mercado negro, sem pagar imposto”, diz o presidente da associação, que menciona Inglaterra e Portugal como exemplos opostos. “Na Inglaterra, onde a quantidade de impostos é boa, 15% do mercado é ilegal. Em Portugal, onde as taxas são muito altas, 60% do mercado é ilegal.”
Nesta entrevista a Crusoé, Cardia fala sobre a organização do mercado de bets no país, analisa outros aspectos da regulamentação, como a criação de canais para questionar os sites, e comenta o impacto da manipulação de resultados no futebol brasileiro para quem organiza as apostas. Assista ao vídeo da entrevista de Wesley Cardia na Crusoé.