Árbitro ligado a áudio entregue por Textor fica em silêncio durante depoimento e CPI pedirá quebra de sigilo
O ex-árbitro Glauber do Amaral Cunha se manteve em silêncio durante depoimento à CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas. Glauber é apontado como o responsável por gravar um áudio em que reclamava do não pagamento de propina após ter inventado um pênalti e faltas para influenciar no resultado de um jogo. O áudio foi entregue pelo dono da SAF do Botafogo, o americano John Textor.
O depoimento de Glauber aconteceu em reunião secreta. Apenas os senadores Jorge Kajuru, Romário, Carlos Portinho e Eduardo Girão estiveram presentes durante toda a sessão.
Na sessão secreta desta segunda, Glauber recusou-se inicialmente a falar, invocando o direito de não se autoincriminar — ele é suspeito em investigação que corre no Rio de Janeiro e já prestou depoimento à Polícia Civil. Kajuru disse que ameaçou dar voz de prisão ao ex-árbitro, e, só depois disso, seus advogados sinalizaram que poderiam colaborar com a CPI. Com o silêncio de Glauber, os senadores decidiram que irão pedir a quebra do sigilo financeiro de Glauber. O pedido ainda não foi votado, entretanto.
A partir desse momento, segundo o presidente da comissão de inquérito, Glauber confirmou ser o autor de um áudio em que fala sobre pagamento de propina por inventar um pênalti e disse que enviou a mensagem a um grupo com outros árbitros, revela a VEJA.
Ainda pelo relato de Glauber, a gravação teria sido vazada para o presidente da Federação de Futebol do Estado do Rio (Ferj), Rubinho Lopes, que, por sua vez, teria encaminhado a mensagem para John Textor, sócio majoritário da SAF do Botafogo.
Foi o bilionário norte-americano que entregou o áudio à CPI.
“Vamos chamar o presidente da Ferj para ele explicar por que entregou a gravação e por que entregou pela metade (sem revelar outras conversas no grupo de árbitros)”, afirmou Kajuru.
O áudio chegou ao poder da comissão por meio de John Textor, que teria dito que a gravação teria sido recebida de um membro da CBF. O americano não afirmou quem era o árbitro responsável pelo áudio. A reportagem do GLOBO apurou que se trata de um jogo da terceira divisão do Campeonato Carioca.
Na transcrição, Glauber reclama que tentou direcionar o jogo, mas não conseguiu que o placar fosse favorável.
“Eu apitei, pô. Apitei. Entendeu? Deixei de ganhar muito dinheiro também. Mas o que eu podia fazer, eu fiz. Não é fazer loucura, igual eu não fiz. O cavalo passou selado e eu montei nele. Aos 16 minutos eu dei um pênalti “pros” caras. Entendeu? Aquele pênalti 50%? Eu dei, pô. Os caras, porra, bateram o pênalti na trave. E depois eu fiquei dando tudo para os caras. O pênalti que eu dei foi de agarra agarra dentro da área. Depois ninguém se agarrou mais, não teve mais como. E a bola não quis entrar. Dei oito minutos de acréscimo no segundo tempo”, disse o envolvido.
Antes de depor na CPI como a voz que pede propina a Textor, ex-árbitro quis acesso às gravações
O ex-árbitro Glauber do Amaral Cunha, apontado como dono da voz no áudio entregue por John Textor, dono da SAF do Botafogo, em que reclama do não pagamento de propina após ter inventado um pênalti e faltas para influenciar no placar de um jogo, é esperado para prestar depoimento hoje na CPI das Apostas Esportivas, registra Lauro Jardim no Globo Online.
Mas, dias atrás, antes deste depoimento, Cunha, através dos advogados Jacqueline da Silva Oliveira e Marco Antônio Faria de Souza, pediu o acesso integral aos documentos e à gravação, ambos sob sigilo, entregues por Textor em seu depoimento.