CPI conseguiu identificar ‘padrão criminoso’ no futebol, diz Romário

O senador Romário (PL-RJ), relator da CPI da Manipulação de Jogos, disse nesta terça-feira (18) que a CPI conseguiu identificar um padrão na atuação criminosa junto a atletas e clubes do futebol brasileiro. Os métodos incluem recrutamento de jogadores com baixos salários através da promessa de contratos no exterior e contatos com dirigentes de clubes que precisam de investimentos e infraestrutura.
Romário apresentou o seu relatório final, em que pede o indiciamento de suspeitos e sugere novas leis. Uma cópia será encaminhada para órgãos que lidam com o tema das apostas esportivas. A votação do documento vai ocorrer na quarta (19), a partir das 14h30.
De acordo com o senador, o Brasil precisa ter foco na cooperação internacional, já que os problemas relacionados à manipulação esportiva têm caráter “transnacional”. Romário lembrou que empresas de apostas patrocinam quase todos os times de elite do Brasil, mas, apesar do incremento financeiro sobre os clubes, houve um impacto negativo sobre a economia popular do país, inclusive entre os beneficiários do Bolsa Família.
— De fato o cenário atual do futebol brasileiro se encontra em um momento delicado e preocupante, no qual a integridade do esporte mais popular do planeta vem sendo questionada. É preciso um esforço para reverter os danos. A ordem jurídica esportiva também precisa encarar essa nova realidade e aperfeiçoar seus mecanismos de combate à manipulação — destacou.
Romário se colocou à disposição dos colegas de comissão para tratar das informações do documento final da CPI e agradeceu o apoio de todos os senadores. Ele relembrou o trabalho da comissão desde a instalação, em abril do ano passado, e destacou as oitivas e as quebras de sigilo.
Dedicação
O presidente da CPI, senador Jorge Kajuru (PSB-GO), disse que o relatório foi feito com muita dedicação pelo senador Romário, a quem chamou de “ser humano raro e homem público irretocável”. Segundo Kajuru, Romário fazia um resumo de todas as audiências realizadas pela CPI.
— Foi um trabalho incansável. O relator atuou com toda a independência e total liberdade — salientou.
De acordo com Kajuru, a atuação da CPI também foi importante para a prisão do empresário William Pereira Rogatto. Em depoimento à CPI em outubro do ano passado, Rogatto admitiu a manipulação de jogos de futebol no Brasil e disse que já ganhou aproximadamente R$ 300 milhões nesse esquema, que lucra com o rebaixamento de times. Ele foi preso em Dubai, nos Emirados Árabes, em novembro.
Kajuru lamentou o fato de a Justiça daquele país ainda não ter permitido a extradição do empresário. O senador ainda sugeriu que, com o fim da CPI, a Comissão de Esporte (CEsp) ouça o empresário quando ele retornar ao Brasil.