Grupo Globo usa reportagens no Fantástico para se posicionar contra regulamentação dos jogos online
As últimas reportagens indicam que os contrários à legalização dos jogos online ganharam um aliado de peso: o Grupo Globo.
Não existe coincidência no fato do Fantástico da TV Globo ter veiculado duas reportagens, nos domingos anteriores as votações do Senado e da Câmara dos Deputados, contendo denúncias sobre os jogos online, no caso contra o ‘Fortune Tiger’ ou ‘Jogo do Tigrinho’ e ‘Crash Games’ ou ‘Jogo do Aviãozinho’.
Apesar do tema ser do conhecimento dos profissionais do setor e a conduta claudicante da Blaze, este tipo de denúncia acaba gerando impacto negativo para a audiência média do programa e entre os parlamentares do contra. Além disso, a requentada denúncia na semana que antecede as votações do projeto das apostas esportivas e a possibilidade de inclusão do jogo online, fornece combustível para os opositores – principalmente os evangélicos –, durante a votação da proposta no plenário das duas Casas.
A tese pode ser comprovada no discurso do senador Eduardo Girão (Novo-CE) durante a votação do PL 3626/23 na última terça-feira (12) no plenário do Senado.
“Quem viu a matéria do Fantástico, que foi uma das matérias mais repercutidas no ano, agora, de dois domingos atrás, viu exatamente a tragédia humana que está acontecendo com o tal jogo do Tigrinho, que é um cassino online”, comentou Girão.
O repórter Bruno Tavares faz questão de destacar na reportagem que as apostas esportivas e os jogos de fantasia, como o Cartola do Grupo Globo, são permitidos. “Na terça-feira o Senado aprovou o projeto de lei que regulamenta as apostas esportivas e também os jogos de fantasia, aqueles em que os participantes escalam nomes de atletas reais em disputas esportivas virtuais e que são permitidos”.
A estratégia da Globo de pautar denúncias contra os jogos de azar às vésperas das votações no Congresso Nacional não é nova para os representantes do setor e já foi observada em outras oportunidades. Dessa vez ficou cristalina com a veiculação da reportagem no Fantástico do domingo (5) passado sob o título ‘Perdi meu salário todo em 15 minutos’, revela vítima do ‘Jogo do Tigre’ e neste domingo (17) sob o título ‘Jogo do Aviãozinho’: Justiça bloqueia R$ 101 milhões de site de apostas que promove game ilegal, divulgado por influenciadores’.
As duas tendenciosas matérias do Fantástico não abordaram as verdadeiras causas das denúncias apresentadas, além de não permitir que um representante do setor participasse das matérias. Caso fosse possível, seria registrado que todos os problemas e mazelas que estão sendo observadas com as apostas esportivas e jogos online no Brasil, deve-se a omissão do Executivo e Legislativo brasileiros, que ao longo de cinco anos não trabalharam para regulamentar o setor.
Durante o julgamento sobre a letalidade das operações policiais no Rio de Janeiro, em fevereiro de 2022, o evangélico e ministro do STF, André Mendonça disse uma frase que serve para ilustrar este episódio: “Onde não há Estado, há crime organizado”.
O conceito do ministro está do lado daqueles que lutam pela legalização e regulamentação dos jogos no Brasil e que defendem a retirada desta atividade da ilegalidade para permitir aos cidadãos exercerem seu desejo de jogar sob os olhos atentos de regras claramente definidas pelo Legislativo e reguladas e fiscalizadas pelo Executivo.