Instagram do Arquivo Nacional destaca o ‘Jogo do Bicho’

Em 1911, o jurista e acadêmico José Macedo Soares, observou que o jogo do bicho se radicara a tal ponto nos hábitos sociais do brasileiro que era impossível erradicá-lo pela lei e repressão policial. O conceito da manifestação do jurista de 111 anos atrás nunca esteve tão atual.
Na quinta-feira (1º) a apresentadora da TV Globo, Ana Maria Braga sugeriu em rede nacional que se apostasse no número 57 no jogo do bicho devido a edição número 5.700 do programa Mais Você.
Comprovando que a atividade tem legitimidade social e faz parte da cultura do brasileiro, o Arquivo Nacional, órgão público subordinado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e que é responsável pela gestão, preservação e difusão de documentos da administração pública federal postou quatro fotos antigas no perfil do órgão no Instagram sobre o jogo do bicho com o seguinte texto:
“O jogo do bicho foi criado em julho de 1892, no Rio de Janeiro. Barão de Drummond, o proprietário do Jardim Zoológico localizado em Vila Isabel, criou a modalidade de aposta como parte de uma estratégia para atrair visitantes ao estabelecimento.
O bilhete para entrada ao zoológico dava direito à escolha de um entre os 25 animais estampados no tíquete. A premiação era de 20 vezes o valor do ingresso. O resultado do sorteio era divulgado em uma caixa de madeira pendurada num poste próximo à entrada do zoológico. A continuidade desta prática pode ser percebida na segunda foto deste post, de 1961, em que o resultado ainda é divulgado em postes próximos aos locais de aposta.
Devido ao sucesso da modalidade, Barão de Drummond passou a vender os tíquetes de aposta para além dos portões do zoo, fazendo com que o jogo do bicho se popularizasse, tornando-se uma febre na cidade e, posteriormente, no país.
O jogo do bicho, como jogo de azar, foi reprimido pelo Estado brasileiro desde a primeira década de sua criação e, apesar de sua popularidade, permanece uma contravenção no Brasil. As punições podem variar de multa à prisão dos envolvidos.
A quarta foto desta publicação é de um estudo realizado no ano de 1976 sobre o jogo, a pedido do Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro da época. Essa documentação foi incorporada a um processo do Serviço Nacional de Informações anos depois”.
Imagens:
- Local de apostas do jogo do bicho no prédio Cruzada Cívica Carlos Lacerda. Rio de Janeiro, 1964. Arquivo Nacional. Fundo Correio da Manhã.
- Resultado do sorteio. Rio de Janeiro, 1961. Arquivo Nacional. Fundo Correio da Manhã.
- Batida policial em ponto de aposta. Rio de Janeiro, 1968. Arquivo Nacional. Fundo Correio da Manhã.
- Página de processo referente aos resultados do estudo sobre o projeto da Loteria Popular. Brasília, 1979. Arquivo Nacional. Fundo Serviço Nacional de Informações.
Patrimônio Imaterial do Brasil
Vários atores sociais, como o poeta Alexei Bueno e o cantor e compositor Zeka Pagodinho já propuseram o tombamento do Jogo do Bicho como patrimônio imaterial do Brasil pelos aspectos culturais que envolvem a atividade.
O Deputado Bacelar (PV-BA), afirmou que o “jogo do bicho é formador do caráter nacional”. O parlamentar é o coordenador da Frente Parlamentar Mista pela Aprovação do Marco Regulatório dos Jogos disse que, “ao lado da cachaça e do samba”, o jogo do bicho é uma “marca registrada do nacionalismo brasileiro”.
“Eu diria que o jogo do bicho, ao lado da cachaça e do samba, são as únicas coisas genuinamente brasileiras, é um patrimônio cultural do país também. Ajudou a formação desse país. O jogo do bicho tem um papel importante na formação do caráter e da sociedade brasileira”, comentou.
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