Vencedor da eleição no JCB terá grandes desafios

Destaque I 14.10.20

Por: Elaine Silva

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Luiz Alfredo Taunay, atual mandatário, é candidato a reeleição, e o criador e proprietário, Raul Lima Neto, surge como o seu único opositor (Fotos: Marcos Oliveira/Agência Senado e Sylvio Rondinelli/JCB)

Nesta quinta-feira (15), os sócios do Jockey Club Brasileiro decidirão, nas urnas, o nome do presidente de uma das mais tradicionais e importantes entidades hípicas da América Latina. Luiz Alfredo Taunay, atual mandatário, é candidato a reeleição, e o criador e proprietário, Raul Lima Neto, surge como o seu único opositor. Seja qual for o escolhido no pleito, após a votação do quadro social, ele enfrentará desafios expressivos para comandar o grandioso clube em tempos de pandemia, com graves problemas financeiros, administrativos e estruturais pela frente. Uma tarefa das mais árduas, sem sombra de dúvida.

A atividade turfística envolve inúmeras despesas dos proprietários e aficionados em puros-sangues de corrida. Entre elas, os insumos indispensáveis para manutenção dos animais, tais como, compra de serragem, ração, medicamentos, transporte e outros acessórios típicos da indústria turfística. A relação entre o preço mensal do trato, para o dia a dia dos cavalos de corrida, e o valor dos prêmios dos páreos, está bastante defasado, num período de crise econômica. Este detalhe tem desmotivado, cada vez mais, os apaixonados pelo esporte a investir na aquisição de corredores nos leilões mais importantes.

O presidente eleito no Jockey Club Brasileiro, além de tentar contornar esta equação desfavorável, entre receita e despesa com os cavalos, para evitar o êxodo dos proprietários, terá ainda outros obstáculos. Entre eles, o pior de todos, tem sido a diminuição sistemática e gradativa do rebanho de equinos no país. Este fator negativo da nossa criação, tem afetado demais a indústria do cavalo de corrida nas últimas décadas. A cada dia que passa, os responsáveis pela organização e formação dos páreos semanais, nos diversos hipódromos brasileiros, encontram maiores dificuldades. Afinal, sem milho não se faz pipoca. Poucos cavalos, poucos páreos.

A valorização dos eventos turfísticos mais importantes no Brasil tem sofrido significativo abalo, em termos de gestão e comprometimento dos clubes hípicos com o restante da sociedade. A divulgação acontece só no próprio âmbito turfístico. Não se estabelece um elo do nosso esporte com os meios de comunicação de massa e as redes sociais. Só os turfistas recebem a informação do dia e da hora de um clássico importante, ou coisa que o valha. As outras pessoas do convívio social desconhecem que são os nossos melhores jóqueis, treinadores ou cavalos. O resto do mundo não tem a menor noção de quem é quem no turfe brasileiro.

O turfe nacional possui excelentes criadores, proprietários, cavalos, profissionais, jóqueis e treinadores, mas enfrenta crise econômica permanente nos últimos anos. Caberá ao presidente eleito no JCB, assumir o comando do clube com pensamento firme, conduta dinâmica e liderança nacional, procurando unir todos os clubes coirmãos. Todos estão no mesmo barco. Do contrário, a extinção do esporte parece ter futuro não muito distante e inexorável no país. Boa sorte aos candidatos. (Páreo Corrido, por Paulo Gama – Raia Leve)

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