Senado debaterá impactos de jogos de cassino on-line do tipo caça-níquel

Apostas I 08.08.24

Por: Magno José

Compartilhe:
Senado debaterá impactos de jogos de cassino on-line do tipo caça-níquel
Requerimento da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) vai debater os impactos de jogos de cassino on-line do tipo caça-níquel (Foto: Pedro França/Agência Senado)

A Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT) do Senado aprovou nesta quarta-feira (7) pedido da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) para a promoção de uma audiência pública sobre o impacto na sociedade dos cassinos on-line do tipo caça-níquel, como o Jogo do Tigrinho. A audiência também abordará a nova portaria do Ministério da Fazenda que regula jogos on-line, visando proteger os apostadores e garantir a honestidade nos jogos. A data do encontro ainda será definida pela comissão.

Enquanto os cassinos on-line ganham popularidade nas redes sociais, cresce, também, a preocupação com os efeitos negativos desse fenômeno. A Comissão de Ciência e Tecnologia aprovou um pedido da senadora Soraya Thronicke, do Podemos de Mato Grosso do Sul, para que o colegiado promova uma audiência pública sobre os impactos sociais dos jogos.

A senadora argumenta que o abuso dessas plataformas pode causar danos psicológicos e emocionais a muitas pessoas. Para ela, é crucial discutir essas questões de forma ampla e responsável:

“Nós sabemos que o jogo eletrônico, jogo do bicho, caça-níquel, isso sempre existiu no Brasil de uma forma velada e a gente nunca conseguiu coibir. Então, já existem pessoas viciadas nesse tipo de jogos, só que como nós regulamentamos, nós não temos dados para desenvolver uma política pública. Então, a gente nem sabe, nesse submundo, o que acontece”, disse.

Soraya Thronicke citou um episódio em que teve sua imagem indevidamente vinculada à divulgação do “Jogo do Tigrinho”.

“Meu nome, inclusive, foi utilizado em um vídeo. Eu apareço no meio de um vídeo longo chamando as pessoas, foi pro Tigrinho, é… dizendo, numa fala tosca, tosca sim, porque eles não conseguiram nem fazer direito, não usaram nem inteligência artificial de tão fácil que é pra eles. Aí, nesta fala, eu digo que: ‘Venham jogar no Tigrinho e tal… eu ganhei 300 mil reais’, eu falo. Eu falo que ganhei neste vídeo 300 mil reais no Tigrinho e chamo as pessoas para jogar.”

A audiência também deverá abordar o conteúdo da portaria do Ministério da Fazenda que define regras para jogos online e estúdios de jogos ao vivo, além de critérios para a certificação de cada jogo. A norma entrará em vigor a partir de 1º de janeiro de 2025 e tem como objetivo coibir abusos. Ainda não há data para o debate na Comissão de Ciência e Tecnologia.

Soraya aponta impacto de apostas online no orçamento das famílias

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) manifestou preocupação, em pronunciamento no Plenário na terça-feira (6), com o impacto crescente das apostas online, incluindo o cassino online conhecido como jogo do “Tigrinho”, na economia e no orçamento das famílias brasileiras. A senadora destacou que sua crítica não se refere às apostas esportivas regulamentadas, mas ao aumento dos gastos da população, especialmente entre as classes mais baixas, com essas atividades.

“Segundo consultores, as apostas representaram 1,38% do orçamento familiar, das classes D e E, em 2023; e, em 2018, eram só 0,27%, ou seja, isso quintuplicou em cinco anos, com expansão forte após a pandemia. É algo que pesa mais para aqueles com renda mais baixa, porque eles não têm orçamento flexível. Se perdem dinheiro ou gastam mais nas bets, ficam em uma situação difícil para fechar as contas e cortam ou reveem gastos nas questões de que não se pode abrir mão, nas questões essenciais – comida, estudo, saúde”, disse.

Soraya mencionou dados publicados pelo jornal O Globo, e apontou que as apostas online consumiram 4,9% dos gastos com alimentação das famílias mais pobres em 2023. Ela ressaltou que, em 2023, as plataformas de apostas online faturaram cerca de R$ 13 bilhões, enquanto o valor total das apostas chegou a R$ 120 bilhões, correspondendo a cerca de 1% do PIB nacional.

“A gente sabe que jogos de azar já existem no Brasil. Não dá para a gente tampar o sol com a peneira e simplesmente não legislar e não regulamentar. As situações são graves demais para que a gente simplesmente feche os olhos ou simplesmente fale: ‘Liberaram ou não liberaram’. O problema existe, e temos que dar um jeito nessa situação”, afirmou. (Com informações da Agência Senado)

 

Comentar com o Facebook