Wesley Cardia e Hugo Jorge Bravo serão ouvidos pela da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas

Apostas I 02.08.24

Por: Magno José

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CPI das Apostas Esportivas no Senado muda de nome
Colegiado ouve na terça-feira o o ex-presidente da Associação Nacional de Jogos e Loterias – ANJL e na quarta-feira o presidente do Vila Nova Futebol Clube, que foi o primeiro dirigente esportivo a denunciar as suspeitas de manipulação de resultados de partidas

O ex-presidente da Associação Nacional de Jogos e Loterias, Wesley Cardia, será ouvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas (CPIMJAE) na terça-feira (6), na condição de testemunha. Cardia deverá prestar esclarecimentos sobre a notícia de um suposto pedido de vantagem financeira feito à associação em troca de proteção na CPI das Apostas Esportivas da Câmara dos Deputados.

A oitiva atende a requerimento (REQ 27/2024 — CPIMJAE) do vice-presidente do colegiado, senador Eduardo Girão (Novo-CE). O senador citou reportagem da revista Veja em setembro de 2023 sobre o alerta feito pelo ex-assessor especial do Ministério da Fazenda José Francisco Manssur ao ministro Fernando Haddad sobre a cobrança de R$ 35 milhões — atribuída ao deputado Felipe Carreras (PSB-PE), relator da CPI na Câmara — à Associação Nacional de Jogos e Loterias.

Em depoimento à CPI em 2 de julho, José Francisco Manssur confirmou que recebeu Cardia em seu gabinete e ouviu o relato do suposto pedido de vantagem financeira, mas ressalvou que não tinha meios de confirmar se a informação era verdadeira.

Anderson Ibrahim
Ausente da reunião da CPI de 10 de julho, o representante da empresa Air Golden — antiga gestora do futebol do Clube Atlético Patrocinense (MG) — Anderson Ibrahim também prestará depoimento ao colegiado, agora na condição de convocado. A presença de Ibrahim é esperada para esclarecimentos sobre a suspeita de manipulação na partida em que o Patrocinense perdeu por 3 a 0 para o Inter de Limeira pela Série D do Campeonato Brasileiro, em 1º de junho. A partida está sendo investigada pela Polícia Federal com base em movimentação suspeita em casas de apostas.

Ibrahim tinha sido convidado à CPI para acareação com o presidente do Patrocinense, Roberto Avatar, mas informou que não compareceria por motivos familiares. Na ocasião, Avatar manifestou seu estranhamento com o resultado da partida, mas ressalvou que somente a investigação poderá comprovar irregularidades. Ao fim da reunião, a CPI aprovou requerimento (REQ 94/2024 — CPIMJAE) de convocação de Ibrahim.

“A contribuição dessa testemunha será essencial para esclarecer as circunstâncias e responsabilidades envolvidas, além de ser fundamental para o progresso das investigações deste colegiado”, diz o presidente da CPI, senador Jorge Kajuru (PSB-GO), em seu requerimento.

Operação Penalidade Máxima
Na quarta-feira (7), às 14h serão tomados mais três depoimentos. Entre eles, o do presidente do Vila Nova Futebol Clube, o major Hugo Jorge Bravo. Ele foi o primeiro dirigente esportivo a denunciar as suspeitas de manipulação de resultados de partidas. Depois de ouvir que um jogador foi aliciado e estava sendo ameaçado por apostadores, Bravo reuniu provas, que foram apresentadas ao Ministério Público de Goiás (MP-GO).

A Operação Penalidade Máxima, do MP goiano, teve início no final de 2022, após a denúncia de que o volante Marcos Vinicius Alves Barreira (conhecido como Romário), então jogador do Vila Nova (GO), teria aceitado uma oferta de R$ 150 mil para cometer um pênalti no jogo contra o Sport, pela Série B do Campeonato Brasileiro. Ele teria recebido um sinal de R$ 10 mil e receberia os outros R$ 140 mil após a partida, com o pênalti cometido. O presidente do Vila Nova procurou identificar as pessoas envolvidas e iniciou um trabalho de produção de provas para levar o MP a investigar o grupo criminoso, acusado de oferecer dinheiro para jogadores de futebol receberem punições em campo. Os integrantes do alegado esquema lucrariam em sites de apostas esportivas. Bravo foi convidado a depor em requerimento apresentado pelo senador Jorge Kajuru (PSB-GO), que preside a CPI (REQ 21/2024).

Padrões de integridade
Por meio de videoconferência, a comissão também ouvirá o presidente da SIGA Latin America, Emanuel Medeiros, que falará sobre a experiência global da entidade na certificação independente em padrões de integridade no esporte. A entidade possui parcerias com a União das Associações Europeias de Futebol (Uefa) e com a Liga Portugal. No Brasil, a empresa é parceira da Federação Paulista de Futebol.

Recentemente, a SIGA assinou acordo de cooperação com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para a implementação do Sistema Independente de Rating e Verificação da SIGA (SIRVS). A parceria inclui também a partilha de conhecimentos e a implantação de melhores práticas de governança para a integridade das apostas esportivas. Relator da CPI, o senador Romário (PL-RJ) é autor do convite para Medeiros depor na comissão (REQ 44/2024).

Bancas de apostas
A comissão ouvirá ainda o presidente do Conselho Administrativo da Santa Casa Global Brasil, Ricardo Gonçalves. Ele foi convocado para esclarecer denúncias e informações divulgadas pelas imprensas portuguesa e brasileira, especificamente pelo jornal Expresso e pela revista Piauí. De acordo com esses veículos de comunicação, a filial brasileira da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que opera loterias e bancas de apostas em Portugal, possui uma dívida de aproximadamente R$ 200 mil com o Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior organização criminosa do Brasil.

Essa dívida estaria relacionada a operações da Santa Casa em São Paulo, onde a instituição tentava estabelecer uma concessão de loterias estaduais. Documentos internos da Santa Casa revelaram que a organização foi extorquida pelo PCC, resultando na mencionada dívida. Ainda que uma auditoria interna da Santa Casa Global não tenha citado essa dívida especificamente, outras irregularidades foram denunciadas ao Ministério Público português.

Gonçalves foi convocado a depor na comissão por meio de requerimento (REQ 81/2024) apresentado pelo senador Carlos Portinho (PL-RJ).

Requerimentos
Antes das oitivas, a CPI deverá votar seis requerimentos, entre os quais a convocação de Camila Silva da Motta, investigada na Operação Penalidade Máxima do Ministério Público de Goiás por manipulação de apostas esportivas. Em seu requerimento (REQ 95/2024 — CPIMJAE), o relator da comissão de inquérito, senador Romário (PL-RJ), citou a apuração da Penalidade Máxima, que teria identificado o marido de Camila, Bruno Lopez de Moura, como líder da organização criminosa e apontado Camila como integrante do núcleo administrativo do esquema. A CPI já tinha aprovado a quebra do sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático da investigada.

As partidas entre Flamengo e Fortaleza e entre São Paulo e Atlético Mineiro, ambas realizadas em 11 de julho, são tema de três requerimentos. O senador Carlos Portinho (PL-RJ) pediu informações à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) sobre os dois jogos (REQ 97/2024 — CPIMJAE e REQ 98/2024 — CPIMJAE). Eduardo Girão propôs convite (REQ 96/2024 — CPIMJAE) a Péricles Bassols, integrante da equipe do VAR da CBF, para esclarecimentos sobre os critérios de arbitragem nas partidas.

Portinho também apresentou requerimentos de esclarecimentos à empresa Sportradar (REQ 99/2024 — CPIMJAE) e ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol (STJD), conjuntamente com o Departamento de Competições da CBF (REQ 100/2024 — CPIMJAE), sobre alertas de suspeita de manipulação de resultados em jogos entre 2017 e 2021.

 

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