Caso Bruno Henrique: contas em bets foram criadas na véspera de jogo

O relatório da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) enviado à Polícia Federal (PF) alertando sobre o aumento significativo de apostas em Bruno Henrique, do Flamengo, detalha que novas contas foram abertas em plataformas de bets especificamente para este fim, revela a CNN Brasil.
Algumas delas foram abertas apenas um dia antes da partida em que o atacante teria forçado um cartão amarelo para beneficiar os envolvidos no esquema de fraude em competições esportivas, crime pelo qual foi indiciado na última segunda-feira (14).
Um padrão incomum foi observado nas apostas realizadas por meio dessas novas contas. Os usuários apostavam todo o saldo disponível, sem fracionamento ou diversificação, focando apenas em resultados específicos envolvendo o camisa 27.
O caso agora está nas mãos do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que recebeu o relatório da PF e deve apresentar denúncia contra Bruno Henrique.
Apostadores lucrariam R$ 11 mil em cartão amarelo de Bruno Henrique, diz Polícia Federal
Bruno Henrique, do Flamengo, foi indiciado pela Polícia Federal por fraude em competições esportivas na última segunda-feira (14). O jogador teria forçado um cartão em partida contra o Santos para beneficiar apostadores e, de acordo com as investigações, o esquema rendeu um lucro de pouco mais de R$ 11 mil reais aos envolvidos, informa CNN Brasil.
A polícia investiga 14 apostas, as quais todas foram feitas pelos nove indiciados do caso. Bruno Henrique não apostou, segundo a PF. As entradas aconteceram entre os dias 31 de outubro e 1º de novembro de 2023, data do confronto no estádio Mané Garrincha. A menor foi no valor de R$ 350,00, e a maior de R$ 1.425,00.
Os valores somados do investido pelos apostadores foi de R$ 5.642,58. Já a estimativa de retorno somada foi de R$ 17.007,01, segundo o levantamento da polícia, resultando em um lucro de R$ 11.364,43.
Os investigados foram divididos em dois grupos pela PF. O primeiro é formado por familiares de Bruno Henrique, incluindo seu irmão, Wander Nunes, sua cunhada e uma prima. Já o segundo grupo não possui relação direta com o jogador, apenas vínculo de amizade entre si.
Por conta do alerta emitido sobre o aumento significativo de apostas em Bruno Henrique, os valores não foram pagos pelas bets.
Suspeita
O relatório do Associação Internacional de Integridade em Apostas (IBIA) mostra que a Betano, Galerabet e KTO alertaram um alto número de apostas no cartão amarelo do jogador. Segundo o relatório, a chance do evento acontecer era de apenas 15%.
Por isso, a ODD, ou seja, o fator multiplicador do valor pago pelas casas de apostas para os usuários em caso de confirmação do fato, era considerado alto, variando entre 2.85 a 3.10. Quanto menos provável, maior é o valor da ODD.
Os dados dos apostadores serviram como base para o início da investigação que culminou na operação “Spot Fixing”, de novembro de 2024.
Há indícios que seis indiciados receberam informações privilegiadas para a aposta. No entanto, o relatório não indica se houve pagamento de comissão por conta das informações.
“Fazer muito green”: Bruno Henrique foi embaixador de casa de apostas
Alvo da Polícia Federal por envolvimento em manipulação de apostas, Bruno Henrique já foi embaixador de uma bet de 2022 a 2023. O atacante do Flamengo já promoveu a marca “BetPix365”, lembra reportagem da CNN Brasil.
A coincidência é que o lance do qual o jogador teria beneficiado apostadores por tomar um cartão amarelo propositalmente, aconteceu em 2023, quando ainda era embaixador dessa bet.
“Todo mundo já sabe que eu sou embaixador da BetPix365, né? O site de apostas com mais vantagens. Fez a sua aposta e ganhou, é só fazer o pix para sua conta e aproveitar”, diz Bruno Henrique em um dos vídeos promocionais.
Em trecho de outra publicação, o atacante do Flamengo fala em “fazer muito green na BetPix365”.
Porém, a “BetPix365” não é citada no relatório da Polícia Federal. A empresa de apostas é do mesmo grupo que a “VaideBet”, ex-patrocinadora máster do Corinthians que deixou o clube após denúncias de um suposto laranja utilizado em esquema.
Adriano Imperador, Dudu, hoje no Cruzeiro, Luis Fabiano e Bruno Henrique já foram embaixadores da marca.