Manssur defende patrocínio de Bets como contrapartida social: ‘Elas têm apetite como há tempos não se via’

Apostas I 13.03.25

Por: Magno José

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Especialista defende patrocínio de Bets como contrapartida social: 'Elas têm apetite como há tempos não se via'
José Francisco Manssur, que esteve à frente da elaboração das regras para o setor de apostas, afirma que modalidades olímpicas precisam correr atrás

José Francisco Manssur, sócio do escritório CSMV Advogados e ex-assessor especial da Secretaria Executiva do Ministério da Fazenda que esteve à frente da elaboração das regras para o setor de apostas, afirma que há muito tempo não via o setor privado tão motivado para patrocinar o esporte no país. Ele se refere às empresas de apostas que, agora, regulamentadas deveriam investir também no esporte olímpico. Manssur palestrou no CBC & Clubes EXPO, evento que está sendo realizado em Campinas (SP), reunindo os principais clubes esportivos, patrocinadores, fornecedores e grandes nomes do esporte nacional.

“Elas têm apetite para patrocinar o esporte como há tempos não se via. Só que essas empresas estão indo no automático, se juntando aos times de futebol. As entidades olímpicas, clubes e etc precisam fazer seu trabalho de marketing para mostrar às Bets o benefício para elas, para as marcas, de investir em outros esportes. As Bets têm dinheiro para investir no futebol e nos olímpicos. Se conhecerem o que os olímpicos fazem, as mobilizações, o trabalho na formação de atletas e etc, há grandes argumentos para ter esse dinheiro também. Está faltando iniciativa”.

Manssur afirma que o setor de apostas online cresceu 734,6% entre 2021 e abril de 2024. E que o mercado movimenta R$ 6 bilhões com apostas e jogos online. Esse valor é equivalente a 1% do PIB do Brasil. Também disse que no primeiro trimestre de 2024, as plataformas de apostas online registraram uma audiência de 1.992 bilhões de visitas.

Mostrou ainda um estudo realizado pela empresa SimilarWeb que apontou que sites de apostas renderam 14,2 bilhões de acessos em todo mundo em 2022. O Brasil lidera a lista com de 3,2 bilhões de acessos, quase 25% do total apontado no levantamento. Reino Unido e Nigéria completam o pódio da lista.

O advogado observou que todos os times da Série B do futebol brasileiro têm patrocínio de site de apostas. E que apenas dois da Série A não têm. O Flamengo, com o Pixbet, tem R$ 470 milhões (total) de patrocínio. O Corinthians, com o Esporte da Sorte, R$ 309 milhões (total).

Ao olhar para os “outros esportes”, apenas oito times da LNB tem parcerias com as Bets, sendo a grande maioria de camisa de futebol, como Vasco, São Paulo, Flamengo e Corinthians. Ao olhar para o vôlei feminino, são apenas dois clubes, sendo um deles o Fluminense.

“Já teve vários booms de patrocínios no esporte: bebidas, veículos, bancos, só que isso parou. É preciso acordar para essa nova realidade. Eu acho interessante e positivo que novamente um setor privado tenha despertado o interesse em patrocinar o esporte. A começar pelo futebol. A gente sabe o quanto é duro manter o esporte olímpico no país. Esta seria uma contrapartida, uma forma de investir na base, no esporte feminino. E as empresas fazem porque é importante para a sua atividade, não é mais uma ajuda, um favor”, opina Manssur, que acredita em acomodação do mercado, após a regulamentação, mas que não falta dinheiro neste segmento. — Acho que teremos uma acomodação, não é uma bolha. Porque parece que estoura. Antes, o mercado não regulado não pagava imposto. Tinham cerca de 3 mil domínios de apostas no Brasil. Agora, com a regulamentação, são 90 CNPJs (cada uma com direito a três marcas). Imagino um processo que subiu e agora vai acomodar num nível razoável, num platô.

Ele acredita que questões como o vício no jogo e endividamento são consequências do período “selvagem” de crescimento das apostas quando não tinha regra, era terra sem lei. Diz que a regulamentação “é muito profunda” e que buscou os melhores exemplos internacionais.

“Como o Brasil vai reagir à regulamentação eu não sei. Faz três meses que entrou em vigor e a gente tem uma expectativa que ela irá minimizar muitos dos problemas que temos hoje. Mas, só a prática vai mostrar”, declarou o especialista. “E a regulamentação é um corpo vivo, sempre pode melhorar o que não está funcionando. Para mim, o maior problema é o endividamento e vício em jogo. Um contingente grande da população está sendo afetada por isso. Como mexer? Com publicidade esclarecedora, prévia, de jogo responsável, aliado a alguns mecanismos como proibição de apostas com cartão de crédito e, principalmente, a partir do mercado regulado, ter a interação com o serviço público de saúde para que possa atender o viciado e tratar como uma doença”.

Manssur, que hoje trabalha com Bets entre outros clientes, lembra que 88% do valor das apostas vai para o operador e 12% para o governo que tem destinações, entre elas a Saúde. Mas, essa porcentagem é pequena: 1% deste total.

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